Uma vez, um homem se perdeu em meio
as pedras do litoral da Jureia. Caminhava, olhava o mar, saltava de rocha em
rocha e não achava o caminho de volta para casa - seja lá qual fosse seu
conceito de casa. Fazer uma trilha sem água, comida, mapa ou uma mochila nas
costas deixa a narrativa um pouco inverossímil, mas isso é, exatamente, o que
torna o personagem, de certo modo, tão especial. Ele tinha um espírito
aventureiro, pelo menos quando era jovem. Ao envelhecer, talvez possamos chamar
a mesma atitude de desprendimento. Demorou alguns dias para que ele achasse a
trilha de volta. Olhava o céu desconfiado, nutria um ressentimento pelos
urubus, voando alto sobre sua cabeça pesada, como se os pássaros só estivessem
por ali, esperando ele padecer. Ao voltar para casa, cansado e castigado pela
natureza, contou seu método para prosseguir sem deixar o mar levá-lo: pensava
na imagem da filha.
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terça-feira, 29 de janeiro de 2013
sábado, 26 de janeiro de 2013
O método, a Alemanha e uma relação de amor e ódio
Antes de embarcar de mala e cuia rumo à terras
germânicas, o professor Kucinski, que dava aula na pós-graduação da PUC de
jornalismo econômico, me perguntou que raios eu faria na Alemanha, afinal os
brasileiros costumam estranhar bastante a vida por lá (ou por aqui). De fato,
mesmo após 4 anos, continuo levantando as sobrancelhas, em tom de indagação, para muita coisa que observo. Mas, apesar das diferenças culturais, podemos
dizer que fizemos alguns amigos. Engraçado é que praticamente a maioria deles tiveram alguma experiência no exterior. Estudaram, trabalharam, lecionaram em Londres, EUA,
Brasil, África, Canadá e por aí vai. A observação serve até mesmo para
professores que entram na lista dos favoritos. Não que a gente indague: „você
já morou fora da Alemanha? Então pode ser meu amigo”. Essas coisas nós
descobrimos com o passar do tempo, conforme a troca de experiências acabam
sendo mais frequentes.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Avalanche de presepadas
Não posso negar. Sempre que o
inverno chega, e com ele os primeiros flocos de neve, fico encantada. Coisa
rápida, questão de dois dias. Tudo porque a beleza dura pouco e logo é
substituída por aquele lamaçal e pelo branco monótono da paisagem. Não sei como
esquimó consegue enxergar tantos tons para a mesmíssima cor! Sem contar os
problemas que a bendita branquicela nos causa. Há quatro anos, estava prestes a
encarar meu primeiro inverno. Levantava às 6h da manha e às 7h já estava com os
pés para fora de casa em uma escuridão de filme de terror.
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